27 de mai. de 2013

Importância da leitura de velas

Hoje iremos falar de um tema que ajudará muitos a afinar as suas máquinas da melhor forma, ou mesmo a identificar possíveis avarias.
Este tema é a leitura de um componente importante de um motor a gasolina - a vela.

A função da vela de ignição


A vela de ignição de um motor a gasolina é de vital importância para o bom funcionamento do mesmo. Não só é responsável pela ignição da mistura ar/combustível, como também tem funções de dissipação do calor proveniente do motor.
Na imagem seguinte apresentam-se os constituintes de uma vela de ignição:


A vela recebe a corrente elétrica proveniente do cachimbo a ela conectado, cifrando-se o seu valor entre os 40 e 100KV. Ao receber essa tensão, a vela gera um arco elétrico entre os elétrodos, provocando assim a faísca que faz ocorrer a ignição da mistura ar/combustível.
A vela é também responsável pela dissipação do calor gerado na combustão. No entanto, existem velas com maior ou menor dissipação de calor, consoante os tipos de motores para os quais são projetadas. A diferença entre estas velas prende-se com o tamanho da cerâmica no seu interior.


À diferença entre as velas quentes e frias dá-se o nome de grau térmico. Este vem indicado no código da vela que se adquire. A tabela seguinte mostra os vários códigos de grau térmico dos principais fabricantes de velas.


Relativamente aos códigos, outras questões deverão ser acauteladas, como o tamanho da rosca ou a distância entre elétrodos, por exemplo. O ideal será utilizar sempre a recomendada pelo fabricante, ou, em caso de troca de marca, ter atenção a todos os parâmetros da vela recomendada.

Leitura da vela


Quando uma vela é desmontada, podem-se tirar várias conclusões acerca do seu funcionamento, apenas pela sua observação.

Vela Normal

A vela normal deverá ter a extremidade do isolador de cor cinzenta esbranquiçada/cinzenta amarelada ou cor castanha avermelhada. Neste caso significa que o motor se encontra afinado, o grau térmico está corretamente seleccionado e que há um ajuste perfeito da mistura e da ignição.




Vela com fuligem

Na vela com fuligem, a extremidade do isolador, eléctrodos e caixa da vela de ignição encontram-se cobertos de fuligem preta baça e aveludada.
Causa: mistura desajustada (carburador, injecção): mistura demasiado rica, filtro do ar muito contaminado, o arrancador automático não está afinado ou o ar ficou aberto durante demasiado tempo, predominantemente trajectos curtos, vela de ignição demasiado fria.
Efeito: falhas de ignição, mau desempenho no arranque a frio. 
Solução: ajustar a mistura e o arrancador corretamente, verificar o estado de limpeza do filtro de ar.


Contaminação por óleo


Neste caso, a extremidade do isolador, eléctrodos e caixa da vela de ignição encontram-se cobertos de fuligem oleosa ou carvão do óleo.
Causa: demasiado óleo na câmara de combustão. Nível do óleo demasiado alto, segmentos do pistão, casquilhos do cilindro e da válvula muito desgastados. Nos motores de dois tempos com ignição por vela há demasiado óleo na mistura.
Efeito: falhas de ignição, mau desempenho no arranque a frio. 
Solução: fazer uma revisão ao motor, corrigir a mistura de óleo/combustível (motores a 2 tempos), velas de ignição novas.


Formação de cinzas


Grande depósito de cinzas dos aditivos de óleo e combustível na extremidade do isolador, no local de respiro (orifício circular) e no eléctrodo de massa. Estrutura em forma de cinzas solta.
Causa: os constituintes da liga, principalmente do óleo, podem depositar estas cinzas na câmara de combustão e na face da vela de ignição.
Efeito: pode resultar em auto-ignições, com perdas de potência e danos no motor.
Solução: Afinar o motor. Utilizar velas de ignição novas ou, possivelmente, um óleo diferente.


Elétrodo central derretido


Neste caso o eléctrodo central encontra-se derretido, estando o elétrodo de massa também gravemente afectado. Pode também ocorrer que a extremidade do isolador apresente bolhas, uma aparência esponjosa ou desgaste.
Causa: sobrecarga térmica devido a auto-ignições resultantes, por exemplo, da ignição estar ajustada cedo demais no ajuste da ignição. Resíduos de combustão na câmara de combustão, válvulas defeituosas, distribuidor danificado e qualidade do combustível deficiente. Grau térmico possivelmente demasiado baixo.
Efeito: falhas de ignição, perda de potência (danos no motor).
Solução: verifique o motor, a ignição e a formação da mistura. Velas de ignição novas.


Elétrodos derretidos


Neste caso a vela apresenta uma aparência tipo couve-flor dos eléctrodos, existindo um possível depósito de substâncias estranhas.
Causa: sobrecarga térmica devido a auto-ignições resultantes, por exemplo, da ignição estar ajustada cedo demais, resíduos de combustão na câmara de combustão, válvulas defeituosas, distribuidor danificado e qualidade do combustível deficiente. 
Efeito: perda de potência (danos no motor) que ocorre antes da falha total.
Solução: verifique o motor, a ignição e a formação da mistura. Velas de ignição novas.


Grande desgaste no elétrodo central


Causa: falhou o intervalo de substituição das velas de ignição.
Efeito: falhas de ignição, principalmente durante a aceleração (a tensão de ignição já não é suficiente para uma grande folga do eléctrodo). Mau desempenho no arranque.
Solução: velas de ignição novas.


Grande desgaste no elétrodo de massa


Causa: aditivos do combustível e do óleo excessivos. Influências desfavoráveis na circulação na câmara de combustão, possivelmente resultantes de depósitos. Detonação do motor. Sem sobrecarga térmica.
Efeito: falhas de ignição, principalmente durante a aceleração (a tensão de ignição já não é suficiente para uma grande folga do eléctrodo). Mau desempenho no arranque.
Solução: velas de ignição novas.


Extremidade do isolador partida


Causa: danos mecânicos (p. ex., pancada, queda ou pressão no eléctrodo central devido a manuseamento impróprio). Podem ocorrer quebras em casos extremos devido a depósitos entre o eléctrodo central e a extremidade do isolador (principalmente, no caso de um funcionamento excessivamente longo).
Efeito: falhas de ignição, principalmente durante a aceleração (a tensão de ignição já não é suficiente para uma grande folga do eléctrodo). Mau desempenho no arranque.
Solução: velas de ignição novas.


Fontes:
http://www.renaultclube.com/tudo-sobre-velas-de-ignicao/
http://www.bosch-automotive-pt.com/aa-pt/pt/static/produkte/zuendkerzen/zuendkerzenkunde/tipps.htm
http://carros.hsw.uol.com.br/sistema-de-ignicao-de-um-automovel.htm
http://www.globaldenso.com/en/products/aftermarket/plug/spec/

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